domingo, novembro 30, 2008

GENTE É SÉRIO, AJUDEM!

Edição: 803 Data:30/11/2008
Corrente virtual do bem
Liana Aguiar
Em meio a tanto lixo que circula pela internet, um e-mail comovente e verdadeiro tocou o coração de centenas de pessoas. A engenheira civil Paulicelli de Oliveira Mendes de Alencar, 29, está grávida de seis e é uma gravidez de alto risco. O bebê tem eristroblastose fetal, doença hemolítica perinatal, o que o faz precisar de transfusão de sangue intra-uterina até o dia do parto. Desesperada para encontrar doadores compatíveis, ela e a amiga Kamila Leandro Costa, 28, também engenheira civil, decidiram fazer uma corrente de e-mails. Deu certo. O e-mail foi repassado inicialmente para os amigos, que por sua vez repassaram para seus contatos virtuais. Um mês depois de iniciar a campanha, Paulicelli já tem uma lista de 200 doadores. O marido, o empresário Tiago Teixeira de Alencar, 29, está feliz com o resultado positivo da corrente de e-mails. “A força da internet para o bem é maior do que para o mal”, avalia o pai. “Tem gente que telefona para, pelo menos, desejar boa sorte.” A idéia do e-mail nasceu do desespero, pois no dia da segunda transfusão, Paulicelli quase não encontrou doador compatível. É que a família entra em contato um dia antes ou mesmo no dia de cada transfusão, já que o sangue só pode ser coletado no máximo 24 horas antes do procedimento. A gestante precisa fazer transfusão intra-uterina a cada 15 dias – a próxima está agendada para terça-feira. A eristroblastose fetal é um tipo de incompatibilidade (fator RH) entre o sangue materno e o sangue do bebê. A mãe RH negativo e o pai RH positivo podem ter um filho RH positivo. O primeiro bebê nasce saudável, mas, no parto, podem ocorrer hemorragias na placenta e a passagem dos glóbulos sanguíneos do sangue do filho para a circulação materna. As hemáceas do filho, portadoras do fator RH positivo, fazem a mãe produzir anticorpos que passarão para a circulação do bebê. Ou seja, o sangue da mãe destrói as hemáceas da criança, que corre o risco de morrer de anemia.Paulicelli já tem um menino de 8 anos. Em 2006, ela perdeu um bebê aos 9 meses de gestação. Não sabia que tinha o problema. Semana passada, Paulicelli entrou em trabalho de parto e teve de ficar internada até os médicos controlarem a gestação. Ela sabe que, no dia do parto, a pequena Vitória vai precisar de nova transfusão de sangue. Além dos e-mails, a família espalhou panfletos, cartas e cartazes em prédios residenciais, academias, salões de beleza. A intenção era conseguir pelo menos 20 doadores – já são 200. A última transfusão de sangue para Paulicelli veio de um doador encontrado pela internet. “O resultado da campanha foi gratificante. Não imaginava que tomaria essa proporção, mas as pessoas são solidárias”, diz Kamila. Ela explica que escreveu um texto curto e simples, só para pedir ajuda, para que as pessoas tivessem tempo de ler. Muitas duvidam da veracidade do e-mail e ligam para o celular de Tiago para confirmar a história. O pai já recebeu ligação de vários Estados. “Internet é tudo na vida de uma pessoa, é o que está salvando a vida da minha filha”, diz Paulicelli. Vitória precisa de sangue tipo A negativo. Quem deseja doar sangue para ela e para outros pacientes pode entrar em contato com o Instituto de Hemoterapia de Goiânia, pelo telefone (62) 3219-7100.

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