domingo, maio 20, 2007

Batista Custódio X a mãe x Revista BULA

Recebi e passo a acreditar que a mãe da jornalista demitida tem mais caráter e coragem que uns e outros que se arvoram de "jornalistas e editores", e sabe perfeitamente que os jornais locais, são ótimos em criticar, apontar o dedo e esconder as garras para agradar os poderosos, mas em contrapartida, odeiam quando são criticados.
Bela carta. Ler BULA pode fazer mal a sua saúde mental e inteligência.

Carta de uma mãe ao Batista Custódio
Deixei esta carta hoje na portaria do Diário da Manhã. Como sei que ele não irá publicá-la (talvez nem lerá), publico-a neste espaço.

Senhor Batista Custódio,
Venho de uma família que acompanha o seu idealismo desde os idos do jornal"Cinco de Março".Meu pai, Sebastião Ferreira Machado, dois tios, JurandirFerreira Machado e Nadir Ferreira Machado (os "Irmãos Metralhas", lembra?), trabalharam nas oficinas daquele jornal, tão perseguido pela ditadura.Todos eles tinham muitos filhos pra criar, por isso se sujeitavam a receber alguns minguados "vales", quando o senhor se dispunha a pagá-los, ou quando se juntavam para parar o trabalho e aguardar que se dispusesse a liberar alguns trocados.

Eram poucos os profissionais linotipistasna época, o senhor então acabava fazendo o vale que eles pediam.Anos depois, trabalhei por 2 meses, também na área gráfica.Não gostei do ambiente e acabei também saindo, demitida,confesso, por total falta de interesse em trabalhar na sua empresa.Agora minha filha, jornalista formada, tentou também se unir ao seu idealismo, e constatamos que, ainda hoje, o agora "Diário daManhã" continua procedendo da mesma forma. Mas, em tempos bicudos como os de hoje, não dá para ficar sem receber o salário que fizemos fez por merecer. Não há idealismo que resista.Durante todo esse tempo, o seu jornal quase fechou por diversas vezes. Mas o seu patrimônio nunca se acabou. Mora numa casa imensa, em local nobre, tem uma "fazenda ecológica" à beira do Rio Araguaia e incontáveis obras de arte, enfeitando a sua casa e os seus jardins....Será que o idealismo deve partir apenas dos seus funcionários?

Afinal quem está se mostrando mais capitalista?O senhor alega que pediu "sacrifícios" aos seus "colegas"...O senhor os fez? Se desfez de algum patrimônio seu? Deixou de alimentar bem os seus filhos e a si mesmo? Pediu dinheiro emprestado para pagar o transporte até o seu local de trabalho?O senhor tem um sonho de uma vida inteira e quer realizá-lo a qualquer custo.

Esses 28 jornalistas também tiveram sonhos um dia: o de se tornarem profissionais respeitados, na profissão e por seus empregadores. E foi apenas por dignidade que eles lutaram. Nenhum deles se indispôs contra seus sonhos. Pelo contrário. Estavam dispostos a colaborar com ele, tanto que ficaram todo esse tempo cumprindo com suas obrigações para que o senhor continuasse a sonhar...Mas, convenhamos, de "barriga vazia" fica impossível acompanhar qualquer "marcha"...Em seu artigo o senhor menciona a sua religião. Diz até querecebeu uma "mensagem divina", de uma missão a cumprir. Sou católica mas já li bastante sobre o espiritismo. Ao que meconsta essa crença é baseada em bons sentimentos como caridade, honestidade, humildade, amor ao próximo,liberdade, entre outros. Baseada nisso posso afirmar entãoque, se de fato recebeu uma missão, de duas, uma: ou ela não é divina ou foi mal interpretada pelo senhor.

O senhor não é caridoso, porque em momento algum se preocupou com o que alguns desses jornalistas, pais de família, estavam passando sem receber o salário correto há tantos meses...O senhor não é humilde, porque sempre aos berros e com atitudes extremadas e agressivas, pisoteia em todos aqueles que não se submetem cegamente aos seus desejos, por mais estranhos que eles sejam...O senhor não ama a liberdade, porque só aceita a liberdade de quem nunca contraria as suas vontades e pune aqueles quese vestiram de preto, em sinal de protesto porque queriam receber aquilo que lhes é de direito: o salário merecidopelo serviço prestado. Vestir de preto não foi "deboche", foi "protesto", a famosa "liberdade de expressão" que pela qual o senhor tanto lutou nos áureos tempos de sua juventude.O senhor não ama ao próximo, porque se amasse não tentaria fazer de nenhum deles escravos das suas vontades e de seus sonhos... A escravidão no Brasil já foi extinta há muitosanos.

Nem o senhor, com o seu idealismo, trabalha de graça, senão não teria acumulado os bens que hoje abrigam e sustentam a sua família.Enfim, o senhor não é um verdadeiro cristão, no sentidoamplo e correto da palavra, pois seu coração, ao contráriodo que afirma, não é mole, é duro e cheio de vontades e vaidades pessoais.Também ao contrário do que afirma, nenhum desses jornalistas é sem vocação ou inculto, tanto que foram aprovados em uma seleção feita pelo seu jornal. Minha filha, mais especificamente, concluiu o curso de Jornalismo com excelentes notas e hoje está terminando a especialização em"Jornalismo Cultural" pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro.

A contagem regressiva para os dias finais dos hipócritas realmente já começou. Prepare-se! A partir desse episódio,todos estão sabendo que o seu idealismo termina no momento em que o senhor vê a sua "autoridade" ameaçada, as suas vontades contrariadas. Prova disso é vê-lo falar em idealismo, em sacrifícios, quando não os pratica, diga-se de passagem. Agora todos estão conhecendo o seu individualismo,a sua arrogância e prepotência, obrigando os que ficaram atrocar de roupa, pedir desculpas e usar um adesivo ridículo,parecido com aqueles que se usava nos tempos da ditadura"Brasil, ame-o ou deixe-o".

Esse "Eu amo o Diário da Manhã", lembra bem aqueles tempos. Só que a ditadura agora é para com aqueles que querem manter o seu emprego porque precisam dele para sustentar a si próprio e a suas famílias. Apesar de negar, o senhor guardou mágoa sim e se vingou demitindo aqueles que não obedeceram ao seu comando de trocar de roupa e pedir desculpas. Como o senhor pode ver esses jornalistas, têm caráter e são firmes quando tomam posições, ainda que a conseqüência tenha sido a perda doemprego. Eles são idealistas, não escravos. São idealistas, não incultos, (eufemismo que o senhor usou para expressar que eles são burros), a ponto de trabalhar de graça para sustentar a vaidade de um só homem. São idealistas, mas não analfabetos. Acho que poderíamos chamar de ingênuos, pois um dia tiveram esperança que o Diário da Manhã era uma uma empresa idealista e possível de se trabalhar. Acho que poderíamos chamar de ingênuos, pois um dia tiveram esperança que o Diário da Manhã era uma uma empresa idealista e possível de se trabalhar. Acreditaram que seriam levados a sério como profissionais,que teriam liberdade de expressão e que receberiam pelos bons serviços prestados.Ingênuos sim, analfabetos, nunca, pois ao contrário do tempo em que o senhor iniciou na profissão, tiveram sua formaçãodentro de uma faculdade e foram por ela aprovados, senão não teriam chegado aonde chegaram. Este seu ato, com certeza, vai diminuir a credibilidade do seu jornal entre seus leitores,e eu me incluo entre eles. Um jornal que não respeita aliberdade de expressão não pode ser levado a sério. Um jornal onde só sai a matéria que agrada ao proprietário, não pode ser levado a sério. Um jornal que usa a censura econômica (leia-se demissão), dos jornalistas que não aceitaram trabalhar sobre a mira de um chicote, não pode ser levado a sério. Um jornal que não honra o compromisso para com aqueles que o fazem, não pode ser levado a sério...

Ainda bem que a Maria do Céu e o João de Deus, ao que parece, ainda podem se orgulhar do pai que o senhor é.Espero que as lembranças dos seus tempos de luta contra aditadura, dos seus tempos de idealismo, sirvam para acobertar e fazê-los, depois de adultos, ainda sentirem orgulho do jovem Batista Custódio idealista que o senhor foi, porque o tempo transformou o jornalista cheio de ideais em um empresário a quem só importa a si próprio, as suas vontades e a preservação do patrimônio adquirido. Que pena!

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