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Denúncia: Cidadão 2000 investigada

Câmara abre comissão para apurar entidade municipal
19/10/2006
por Rinaldo Costa
Da editoria de Cidades

Uma auditoria de rotina, realizada pela Supervisão de Auditoria e Fiscalização de Empresas da Prefeitura de Goiânia, constatou irregularidades na administração da Sociedade Cidadão 2000, entre janeiro e agosto de 2005. O relatório, concluído em janeiro deste ano, inclui compras irregulares e sem licitação, desvio de alimentos para outras finalidades, contratações irregulares, entre outros, e serve de ponto de partida para os trabalhos da Comissão Especial de Investigação (CEI) instalada ontem na Câmara Municipal.

O presidente da CEI, vereador Maurício Beraldo (PSDB), deve ouvir, hoje à tarde, dois ex-gestores da entidade, que foram convidados a depor. Beraldo informa que esses serão apenas os primeiros depoimentos. “Vamos investigar a fundo as denúncias, chamar o pessoal envolvido e buscar provas concretas”, avisa o vereador.

A relatoria da comissão ficou a cargo de Humberto Aidar (PT). Inquérito – O Ministério Público de Goiás (MP-GO) investiga o caso há mais tempo. Em maio deste ano, o promotor do Núcleo de Defesa do Patrimônio Público, Fernando Krebs, ouviu o depoimento do ex-coordenador-geral da ONG, Sebastião Irene de Araújo, responsável pela Cidadão 2000 à época das supostas irregularidades.

No depoimento, Sebastião aponta que, após a auditoria realizada pela prefeitura, ele afastou cinco funcionários com cargos de chefia que seriam responsáveis pelos possíveis desmandos. Fernando Krebs informa que vai ouvir todas as pessoas citadas no depoimento de Sebastião – inclusive o ex-coordenador geral da ONG, Iram Saraiva Júnior. Sebastião afirma que foi afastado do cargo em função de interferências realizadas por Iram, que era quem “mandava efetivamente na Cidadão 2000”.

O promotor entende que há um caso claro de terceirização de serviços públicos, o que viola a Constituição. “Sou favorável à extinção da ONG. É necessário fazer uma mudança estrutural, para que a sociedade possa controlar melhor o dinheiro público e que os recursos fossem aplicados de forma mais econômica e eficiente”, acredita Krebs.

O promotor declara que tem informações de que as possíveis irregularidades na ONG teriam sido corrigidas. “Mas a porteira ainda está aberta”, avisa. Krebs já requisitou a cópia integral do relatório da auditoria para incorporar ao inquérito, que possui três volumes com quase mil páginas no total. Krebs apóia a investigação feita pela comissão que foi instalada ontem na Câmara Municipal. “Só lamento que não tenham feito isso há mais tempo”, completa.

Tudo normal – O atual coordenador-geral da ONG, Fernando Santana, garante que, desde que assumiu o cargo, em maio deste ano, não há irregularidade. Segundo ele, toda a diretoria da Cidadão 2000 foi trocada.

Ele confirma a detecção de “procedimentos administrativos não-adequados ao poder público” e informa que os trabalhos de assistência social desenvolvidos pela entidade seguem a todo vapor. “Agora, tudo foi normalizado.

Atendemos 3,5 mil adolescentes carentes em Goiânia”, explica, apontando as três frentes de ação: prevenção, resgate e inserção dos jovens no mercado de trabalho. “Em breve, recebemos título de entidade filantrópica”, anuncia Santana.
FONTE: DM