quinta-feira, outubro 26, 2006

Em Goiânia o PMDB usa máquina para beneficiar candidato!

Motorista recebe da prefeitura e faz campanha para Maguito
por Manoel Messias

Goiânia, 26/10/06 - Histórias de servidores que deixam a repartição pública para ir pedir voto sempre aparecem em campanha eleitoral. Mas dificilmente são comprovadas, mesmo porque é uma ilegalidade punida com rigor pela Justiça Eleitoral. No entanto, o HOJE recebeu esta semana uma denúncia detalhada e documentada de uso da máquina pública em favor do candidato Maguito Vilela. Pela clareza da denúncia e pelas provas juntadas, inclusive com fotografia, o jornal resolveu checar a informação, repassada pelo deputado federal reeleito Carlos Alberto Silva (PSDB). E está publicando justamente porque os fatos alegados foram comprovados pela reportagem do jornal.

"Essa denúncia comprova o nível baixíssimo do candidato a governador do PMDB, que, no desespero para tentar subir na pesquisa, está utilizando de práticas ilegais para tentar dar fôlego à sua campanha", diz Carlos Alberto Silva.

Conforme documentos apresentados pelo deputado federal, Luciano Mariano Galeno está assinando ponto na Prefeitura de Goiânia como motorista de ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgências (Samu) de Goiânia, mas na verdade não está trabalhando socorrendo acidentados nas ruas da capital, e, sim, à disposição da campanha do candidato Maguito Vilela. Os documentos obtidos pelo deputado tucano trazem folhas de ponto de Luciano Mariano Galeno referentes aos meses de junho, julho e agosto (justamente o período de campanha), assinadas pelo secretário de Saúde de Goiânia, Paulo Rassi. As folhas de freqüência, endereçadas à Santa Casa de Misericórdia de Goiânia, atestam que Luciano Mariano Galeno trabalhou como motorista do Samu nesses meses. Todavia a reportagem do HOJE checou, por fontes que pediram para não serem citadas, que ele não trabalha no Samu, mesmo estando assinando ponto como motorista no órgão desde o início do período eleitoral.

"Ele começou a prestar serviço aqui após o começo da campanha, presta serviço para a secretaria, mas não está vindo, não está comparecendo aqui, trabalha na campanha do Maguito Vilela", informou uma fonte de dentro do próprio órgão.

Ainda de acordo com informações checadas pela reportagem do HOJE, Luciano Mariano Galeno não é funcionário concursado da Secretaria Municipal de Saúde, que mantém o Samu, através de convênio com o governo federal, em parceria com a Santa Casa de Misericórdia. Ele é um dos cerca de 52 motoristas do Samu vinculados à Santa Casa de Misericórdia que trabalham no Samu. Outros 36 motoristas são concursados da própria Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS). A SMS paga um valor para a Santa Casa administrar o Samu.

A reportagem do HOJE conversou com o médico Ricardo Paes Sandre, coordenador do Samu, e explicou a denúncia para ele, que disse não ter conhecimento do desvio do motorista. "Com o meu conhecimento, não", resumiu.


“CASO SERÁ LEVADO À JUSTIÇA ELEITORAL”

De acordo com a denúncia do deputado Carlos Alberto Silva, o motorista Luciano Mariano Galeno é primo de Leonardo Reis, secretário da Juventude da Prefeitura de Goiânia, e, além de trabalhar no Samu, também tem um cargo na Secretaria de Esportes de Goiânia. Além das folhas de ponto do motorista, a denúncia traz três fotografias nas quais Luciano aparece com um adesivo do candidato Maguito Vilela, juntamente com outros cabos eleitorais, pedindo votos para o peemedebista. Em outra fotografia, Luciano está numa recepção a Maguito Vilela num aeroporto de uma cidade do interior. Na terceira fotografia, o motorista do Samu dirige um carro com estampa do candidato Maguito Vilela durante uma carreata.

Carlos Alberto Silva disse que a Coligação Tempo Novo vai representar para que a denúncia seja apurada pela Justiça Eleitoral, já que o candidato Alcides Rodrigues (PP) estaria sendo prejudicado pelo uso da máquina da Prefeitura de Goiânia em favor do candidato adversário, Maguito Vilela.

"Fui deputado estadual na época em que Maguito administrava o Estado e sou testemunha de que o governo dele foi o mais corrupto da história de Goiás e ele fazia vistas grossas para a corrupção. Por isso, esse caso não me surpreende tanto", atacou Carlos Alberto Silva.

Procurado pelo HOJE, o secretário Paulo Rassi disse que ele mesmo assina as folhas de freqüência dos servidores do Samu contratados pela Santa Casa de Misericórdia, mas que outra pessoa, chefe imediato, é que confere as freqüências e lhe manda a relação.

Segundo Rassi, os motoristas de ambulâncias contratados pela Santa Casa estão sendo substituídos por concursados, conforme ficou definido em Termo de Ajustamento de Conduta assinado com o Ministério Público. Todos ainda não foram substituídos porque não há verba suficiente para pagar os direitos trabalhistas deles. "Esse pessoal é contratado e tem a carteira assinada pela Santa Casa, conforme convênio datado de 2004, e todos estão sendo demitidos, de acordo com a disponibilidade de verba para indenizá-los", disse.

Mesmo observando que não poderia dar detalhes de um caso particular, já que são cerca de 90 motoristas no Samu, o secretário negou que exista alguém da Secretaria de Saúde à disposição da campanha de Maguito Vilela.

Maria Salete Nascimento, diretora administrativa da Santa Casa de Misericórdia de Goiânia, disse à reportagem do HOJE que a gestão do Samu está a cargo da Secretaria Municipal de Saúde desde novembro do ano passado. "A contratação ainda está com a Santa Casa porque os funcionários por nós contratados ainda estão em processo de rescisão contratual", falou.

Segundo a diretora, cerca de 150 funcionários contratados pela Santa Casa para prestar serviço no Samu ainda aguardam a rescisão do contrato, mas todos estão sob ordens da prefeitura. "O controle da freqüência é responsabilidade da prefeitura. Se estão indo trabalhar ou não, é responsabilidade da Secretaria de Saúde", frisa.

Maria Salete considerou a denúncia de desvio de função como grave e confirmou que Luciano Mariano Galeno é funcionário contratado pela Santa Casa, mas não soube precisar há quanto tempo.

A reportagem não conseguiu localizar Luciano Mariano Galeno para ouvir a versão dele sobre os fatos.
Fonte: jornal HOJE

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