sábado, agosto 11, 2007

Catalão a terra prometida!

Gente, o bom do PMDB goiano é que tem como liderança figuras que nasceram pobres que nem Jó e hoje são donos de fortunas, um deles, quando jovem, vivia de favores e de filar a boia na casa de colegas de escola. E pasmem, tornou-se a terceira maior fortuna do Brasil, segundo a revista ISTO É.
O sonho de Elias é tomar o estado de assalto, restituir aos coronéis todo o poder sobre os cofres públicos!
Chuta o pé no balde e manda prender essa turma sem dó, senhores promotores do MP.
Merecido!

Fraudes e prisões enterram o sonho de Adib

Por Manoel Messias mmessias@jornalosucesso.com.br
O Ministério Público Estadual foi implacável na investigação sobre as fraudes nas obras de asfaltamento em Catalão: apurou informações sigilosamente durante anos e acabou coletando provas suficientes para convencer a Justiça a decretar a prisão de secretários do prefeito Adib Elias e de um empreiteiro - que agiam em conluio para desviar recursos públicos para o próprio bolso. A notícia explodiu como uma bomba na semana passada, mesmo porque Adib é o presidente do diretório estadual do PMDB e vem defendendo o endurecimento do discurso de oposição praticado pelo seu partido. Adib, aliás, é citado como beneficiário nas gravações telefônicas de conversas entre seus auxiliares e o empreiteiro Marcius Salum João, dono da Tecnel, empresa que em nome próprio ou através de laranjas ganhou 36 concorrências sucessivas para a execução de asfalto das pacatas ruas dos bairros catalanos. A investigação do Ministério Público em Catalão é exemplar, a começar pelo fato de que demorou anos e teve o cuidado de cruzar as conversas grampeadas com os extratos bancários dos envolvidos. Para os promotores e para o juiz de Catalão, não restaram dúvidas: havia uma quadrilha em ação dentro da prefeitura de Catalão, da qual participavam os secretários da Administração, Nelson Fayad (primo de Adib), e de Finanças, Lázaro José. Pior: essa quadrilha vinha agindo impunemente desde 2001, quando o prefeito Adib Elias estava no segundo ano do seu primeiro mandato. Ele foi reeleito em 2004 e a roubalheira continuou até o ano corrente, segundo as provas constantes do processo instaurado pelo Ministério Público.Adib, ao ser confrontando com os fatos, reagiu com a clássica desculpa de que tudo não passa de “perseguição política”, uma vez que ele é presidente do principal partido de oposição ao governo Alcides Rodrigues. Isso significa, na visão do prefeito de Catalão, que o governo do Estado, de alguma forma, estaria manipulando o Ministério Público para criar embaraços e desgastar um adversário político. Curiosamente, na semana passada, o mesmo Ministério Público agiu com rigor contra a Celg, conseguindo o bloqueio dos bens e contas bancárias de diretores e ex-diretos, acusados de autorizar a contratação de um escritório de advocacia sem licitação. Será que, pelo raciocínio de Adib, o Ministério Público também estaria movendo algum tipo de “perseguição política” contra o governo, ao acionar a Celg - uma empresa pública que integra a administração comandada por Alcides?O que impressiona, nas fraudes de Catalão, é a fartura de documentos levantados pelos promotores estaduais e apresentados ao juiz da comarca local, que não hesitou em determinar a prisão dos principais envolvidos. Aparentemente, a “quadrilha” apontada pelo Ministério Público vinha agindo ao longo dos anos com a mais absoluta certeza de impunidade, falsificando licitações e concorrências de maneira tosca ou grosseira. As conversas telefônicas que foram gravadas, com autorização judicial, também são assustadoras e ainda revelam que os envolvidos estavam se enganando mutuamente, cada qual procurando destinar para si o dinheiro encaminhado pela empreiteira Tecnel - que a cada remessa emitia uma nota fria de massa asfáltica imediatamente quitada pela prefeitura.Um outro fato grave é a clara destinação de parte do dinheiro desviado na prefeitura para a campanha do prefeito Adib Elias, que em 2006 tentou conquistar a vaga de candidato ao governo do Estado pelo PMDB. A escuta telefônica mostra que Adib percorreu o interior do Estado, articulando a sua candidatura, em um avião de propriedade do dono da Tecnel. Há gravações em que o próprio Marcius Salum João liga para o prefeito, comunicando que o avião já decolara de Anápolis (sede da empresa), rumo a Catalão, para buscar o passageiro-candidato. O sonho de Adib Elias é virar governador. Para isso, ele se transformou em um dos prefeitos do interior que mais gasta com mídia. Nas eleições passadas, elegeu a própria mulher, Adriete, para um mandato de deputada estadual. O escândalo da semana passada, provavelmente, colocou um ponto final nas aspirações do prefeito. Uma expressiva corrente de peemedebistas já defende abertamente o seu afastamento da presidência do diretório estadual, entre eles o advogado Ney Moura, que foi candidato a senador nas eleições de 2006. “Adib perdeu a credibilidade para comandar o maior partido oposicionista de Goiás”, disse Ney. É hora de entregar o partido para quem tem a ficha limpa.“O esquema criminoso ainda persiste em Catalão”Veja a nota oficial do Ministério Público sobre as investigações em Catalão:“O Ministério Público do Estado de Goiás, em respeito aos princípios democrático e republicano esculpidos na Constituição Federal, vem a público esclarecer os fundamentos fáticos e jurídicos da operação desencadeada no município de Catalão e Anápolis, que culminou com a prisão temporária de diversas pessoas e a realização de busca e apreensão de objetos em diversas localidades, todos relacionados com o objeto de investigação.Inicialmente, importa esclarecer, que todas as medidas tomadas encontram-se lastreadas em decisões judiciais, tendo o Poder Judiciário exercido seu papel constitucional durante as investigações conduzidas pelo Ministério Público do Estado de Goiás, com o concurso das Polícias Civil e Militar. Conforme apurado, constatou-se que, no município de Catalão, instalou-se uma quadrilha que tinha por objetivo o desvio e o emprego irregular de verba pública.A maneira de agir da organização, em síntese, consistiu na fraude aos procedimentos licitatórios realizados pelo município, sobretudo para a contratação de obras de recapeamento asfáltico, pavimentação asfáltica e operações “tapa-buracos”, além de aquisições de massa asfáltica, no período de 2002 a 2007. Além disso, apurou-se indícios de que eram simuladas locações de máquinas e prestações de serviços, tudo com o objetivo de desvio de recursos públicos.As licitações, quando realizadas, eram fraudadas mediante o procedimento de “cobertura” [no qual uma sociedade empresária apenas participa formalmente do procedimento licitatório] ou pela utilização de “empresas de fachada”, muitas vezes pertencentes aos envolvidos. Nos casos em que sociedades empresárias idôneas compareciam ao certame, o caráter competitivo da licitação era fraudado pelo oferecimento de propostas com preços abaixo do custo, que posteriormente era compensado através de outras fraudes. Importante destacar que o esquema criminoso ainda persiste no Município de Catalão, porém travestido da aparente legalidade, uma vez que o procedimento licitatório ganho por uma “empresa de fachada”, criada em maio de 2006, tem ligações comprovadas com a organização criminosa objeto da investigação. Impende, ainda, ressaltar que as medidas adotadas neste momento [prisões e buscas e apreensões] encontram-se lastreadas em cruzamentos de informações bancárias e em interceptações telefônicas dos envolvidos, diligências que vem sendo realizadas há 2 [dois] anos. Após o término das investigações, oportunizando-se aos envolvidos o exercício do contraditório e da ampla defesa, constitucionalmente assegurados, o Ministério Público adotará as medidas cíveis e criminais cabíveis, prestando os esclarecimentos necessários à sociedade”.No comando do PMDB, a tentativa de reaçãoReynaldo RochaAs críticas dentro do PMDB a Adib, que não foram poucas na pré-campanha no ano passado, desapareceram de uma hora para outra. À sua posse formal à frente do diretório regional todas as principais lideranças peemedebistas se fizeram presentes, dentre elas Maguito, que lhe passou o cargo, e o prefeito de Goiânia e nome maior do PMDB no Estado, Iris Rezende. A solenidade se transformou num palco para a manifestação uníssona do apoio e do respaldo neste momento de enfrentamento de Adib com o Ministério Público por conta de licitações questionadas, dando como resultado a prisão de cinco servidores da prefeitura, dois deles secretários do prefeito.Depois do acontecimento, que marcou o panorama político na quinta-feira em Goiânia, fica a expectativa dos desdobramentos. O primeiro ponto é o comportamento do PMDB em relação ao governo do Estado, que até então estava num processo de alternância. Maguito e Iris ressalvam a atuação do governador, que, se hoje se vê às voltas com algumas dificuldades, nada mais é do que herança dos oito anos de Marconi Perillo no governo. De outro, é a oposição rígida de Adib Elias e de parlamentares como Thiago Peixoto, Adriete Elias e José Nelto, que insistem em que Alcides tem que responder pela responsabilidade, porque completou o segundo mandato de Marconi e está na linha de frente das ações governamentais desde a instalação do Tempo Novo, em 1999. Depois da movimentada posse de Adib Elias na sua presidência, o PMDB passa a mostrar uma outra cara. E pode até mesmo vingar o caminho delineado pelo novo presidente, no sentido de contratação de uma auditoria independente para tirar a limpo as contas do Estado. Ainda na solenidade de posse, a deputada federal Iris Araújo, ao lado do marido, o prefeito de Goiânia, chegou a falar em caixa-preta, exigindo, como Adib, que o governo seja transparente com a opinião pública, mostrando a situação real das finanças do Estado e apontando as causas que levaram à crise atual, marcada por um déficit mensal de R$ 100 milhões.Se, portanto, vingar a ofensiva contra o governo Alcides, o debate eleitoral pode se antecipar. E é o que mais querem as correntes animadas com a perspetiva de retomada do poder no Estado, em 2010, e que vêem nas eleições municipais de 2008 o trampolim ideal para a ascensão pretendida. Aqui, ainda que ele não queira, ou que não aparente, entra o próprio Iris, candidato natural à reeleição, no ano que vem, condição básica para sustentar o projeto maior, que é a volta ao governo, do qual o PMDB foi afastado em 1998, para ter em seguida duas outras sucessivas derrotas para Marconi e aliados.

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